Mondial de la Bière 2017

Amigos confessos,

É fato consumado que o Mondial de la Bière, edição carioca, é um dos eventos mais esperados do ano pelos cervejeiros. A edição de 2017 foi aguardada com ansiedade devida às diversas promessas de melhorias em relação às últimas quatro edições. Como tive a oportunidade de ir em todas, escrevo para o nosso querido Confesso que Bebi  as minhas impressões, positivas e negativas, além é claro das dez melhores cervejas que pude degustar ao longo dos cinco dias, graças ao passaporte adquirido logo no primeiro dia de vendas.

Desde 2013 é notável a evolução do evento. No seu início, dentro do infernal Terreirão do Samba na Praça Onze, a quantidade e qualidade das cervejas e cervejarias cresceram consideravelmente, refletindo uma tendência que já observamos ao longo dos últimos anos sobre o crescente mercado das chamadas artesanais. O local se mudou, passou para o bonito Pier Mauá, ganhou ar condicionado, grife de evento fino (e caro), melhor infra-estrutura, mais opções de alimentação e diversão.

Alguns problemas clássicos e recorrentes como poucos postos de hidratação, quantidade de banheiros suficientes para servir a mais de 10 mil pessoas/dia, problemas no processo de adquirir ingressos e comprar as doses dentro do evento foram de fato prioridade e tiveram melhoras significativas na edição desse ano. Ao contrário de 2016 onde uma fila quilométrica marcou o primeiro dia do evento, agora não passei por qualquer problema relacionado aos listados, portanto posso dizer que a parte estrutural do evento está aprovada. Inclusive no sábado, único dia tradicionalmente lotado e em que os ingressos estavam esgotados, o Mondial se comportou bem, com banheiros limpos e os armazéns bem cuidados, mesmo com os muitos copos quebrados a toda hora! (Eeeeeeeeeeeeeeeeeeee!)

Domingo no Mondial de la Bière 2017

Apesar das melhorias relatadas, essa edição infelizmente passou um recibo total de incompetência no caso da medição incorreta dos copos. Confesso a vocês que, por mim, esse grave erro técnico e de desrespeito com o consumidor teria passado batido. Sempre foquei em doses menores justamente para aprimorar e experimentar o máximo do nosso líquido precioso com o mínimo de consciência e maturidade. E jamais poderia acreditar que a atração principal da festa que é o copo, seria a principal notícia dos dois primeiros dias.

Houve a emissão de um comunicado oficial afirmando que será feito um ressarcimento aos clientes do primeiro dia que foram lesados, já que da quinta-feira até o domingo os estandes foram orientados a servir uma quantidade acima da marcação incorreta. Como eu me enquadro nesses cervejeiros enganados, aguardo até a postagem desse texto de que forma será feita a compensação. Aguardemos se ela será justa e correta.

As torneiras conceituais da Roleta Russa

Por fim, aproveitando o embalo das críticas sempre construtivas, acho que as opções de comida pra galera podem ser em maior quantidade e variedade. As filas em diversos momentos estavam grandes e necessitavam de uma dose não de cerveja, mas de paciência mesmo pra enganar o estômago até a hora de comer. Houve também intermitência no fornecimento de energia elétrica na quinta-feira o que trouxe alguns transtornos isolados para algumas cervejarias que acabaram servindo seus produtos fora da temperatura correta.

Enfim, vamos ao que interessa. Vamos ao confessionário de 2017! :)

Nessa ano tivemos a presença bastante expressiva do estilo Sour em muitas cervejarias, sabor que não me agrada tanto mas que trouxe boas surpresas, como a Canudos Sour & Fruity I da MOTIM com adição de Jaboticaba e Butiá, fruta tradicional da região de Canudos, equilibrada na acidez e muito saborosa em aroma e sabor. Além disso, a lactose também roubou a cena em diversas IPAs oferecidas aos amantes do bom e velho amargor, dividindo lado a lado com as NE IPA que já caíram no gosto brasileiro. E não menos importantes, diversas envelhecidas em tonéis de vinho, cachaça e uísque também agradaram e muito aos apreciadores das cervejas mais alcoólicas e aromáticas.

Botto Bier e os insumos 

Ao longo dos cinco dias, bebi 68 chopes diferentes. Gostaria, antes de listar as 10 melhores para mim, curioso e empolgado apreciador de cerveja e sem estudo técnico até o momento, de parabenizar todas as cervejarias presentes e que estão amadurecendo e evoluindo ano após ano, passando uma sensação de orgulho de que o Brasil já faz excelentes receitas e avança dentro de um mercado que ainda tem muito a crescer. Evidentemente não consegui ir a todas, mas desejo sucesso e vida longa a todos os produtores! Saúde!

10 - Roleta Russa India Red Ale Cervejaria Imigração Estilo: IPA - Red
9 - India Red Lager Cerveja Bonadiman Lager - Estilo: IPL (India Pale Lager)
8 - Brazilian IPA Goiaba Barco Brewers Estilo: IPA - American

7 - Dom Napoleão DOM Haus Estilo: IPA - Imperial / Double

A Imperial IPA com adição de beterraba da Dom Haus

6 - Tranquilona Gaspar Family Brew - Estilo: Schwarzbier

5 - Quebra-Cabeça 3Cariocas Stout - Estilo: Imperial / Double

4 - Irish Coffee Cervejaria Old School  - Estilo:Black & Tan

3 - Vira Mundo com Chips de Carvalho Imperatriz Bier - Estilo: Doppelbock
2 - NE2 EKÄUT Estilo:- IPA - New England
1 - Quadrupel Cervejaria Leopoldina Estilo: Belgian Quad

A excepcional Quadrupel da Leopoldina

Por fim, fica a dica para o ano que vem: Não deixem de aproveitar as ofertas do último dia do festival e vão às compras! O Mondial de la Bière continua lá na geladeira de casa com as imperdíveis ofertas que consegui com a galera da Cervejaria Imigração!

Slàinte!