15 de agosto de 2015

Confesso Entrevista: Oráculo Cervejeiro

A cerveja envolve muitos mistérios, mas acredite, todos já foram desvendados pelo Oráculo Cervejeiro
Foto: Facebook

O Oráculo surgiu de uma brincadeira no grupo Apreciadores de Cerveja, no Facebook. Um membro do grupo, que sempre dava suas opiniões, ganhou esse apelido utilizado como sinônimo de alguém que dá pitaco em tudo quando o assunto é cerveja. Como o grupo tem hoje quase 14.000 membros, é muito comum que apareçam por lá pessoas desinformadas fazendo-se passar por "entendidos". Não menos comum são as desavenças que acontecem entre os membros, quando alguém mais experiente questiona alguma informação equivocada, uma análise mal feita ou mesmo dá uma sacaneada de leve em algum neófito.

Nesta entrevista, descobrimos que o Oráculo é uma sátira a essas pessoas que não tem humildade para entender que todos nós estamos em constante aprendizado e que sempre haverá alguém que sabe mais, mesmo que você se ache "o fodão das cervejas".

Confira aqui nossa consulta reveladora com o mestre dos mestres. O Confesso que Bebi confessa que se divertiu e espera que vocês também riam como nós!

Confesso: O Oráculo possui uma cerveja ou cervejaria preferida?
Oráculo: Fui criado bebendo Brahma de Agudos. Minha biografia, recentemente publicada na minha página, revela que aos três meses eu já bebia Brahma de Agudos no bar do Seu Venceslau, onde eu vencia uns carteados com aposentados e garantia um troco. Com o tempo conheci novas cervejas, mas hoje apenas verifico se seguem a Lei da Pureza Agudense, de 1961 (ano em que nasci), que foi proclamada pelo então prefeito de Agudos, Guilherme do Lote IV. Essa lei determina a qualidade da cerveja pelo uso da água de Agudos. Então, se a cerveja seguir essa regra, já será minha predileta!

Confesso: A AmBev acabará com as artesanais e dominará o mercado, como alardearam por aí certos profetas?
Oráculo: Profetas? Impostores! Profeta só existe um! E esse é o Oráculo!
(pausa para um ataque nervoso do Oráculo, que chutou uma cadeira nesse momento). 
Desculpe, me excedi, mas vamos lá. Os executivos da AmBev frequentaram minhas aulas, mas assistiram apenas o módulo 16, que tem como título “Práticas predatórias de mercado: como executar?”. Eles são o meu orgulho! Não vão dominar as artesanais... só querem fazer parcerias. Estilos difundidos por esta empresa como as Corn American Lager, as Water Beers e a não menos importante Malzbier são fundamentais nesta caminhada em prol da cultura cervejeira no nosso pais.

Confesso: Depois da American IPA e da Sour, qual será a próxima moda por aqui?
Oráculo: Tenho visto muitos posts nas redes sociais sobre novos estilos, como as meio IPAs e as Weizen de média fermentação. Acho que são boas tendências, mas eu apostaria nas cervejas feitas a base de açúcar e clara de ovo, que ficam prontas quando apertamos as garrafas e elas estão semi-durinhas (sic). É um estilo ancestral que quase foi extinto e vem sendo resgatado por grandes cervejeiros brasileiros que vendem restos de lúpulo velho no Mercado Livre.

Confesso: Quanto mais lúpulo melhor?
Oráculo: Nos meus ensinamentos consta um módulo chamado “Hop Head: Uma maneira de parecer legal”. Nesse módulo muitos discípulos ficaram de recuperação, porque não conseguem entender que uma cerveja, mesmo tendo como ingrediente principal a água, pode ser carregada de lúpulo. Essa é só uma maneira de angariar os “trouxas” - forma como chamamos os não entendedores de cerveja. Meus discípulos aprendem nomes como Cascade, Amarillo, Magnum, Galaxy e Galena. A partir daí, sentam em pubs das principais capitais do Brasil, e puxam assunto sobre cerveja com os “trouxas”, que ostentam suas IPAs. Nomes de lúpulos são citados e logo conquistam a confiança, podendo assim trazer mais seguidores para o Oráculo, que transmite o verdadeiro ensinamento sobre cervejas. Ah! É essencial pronunciar “Ai´Piei”!

Confesso: Dizem que a Escola Brasileira de Cerveja está sendo criada, o Oráculo Cervejeiro também está por trás disso?
Oráculo: Por trás, pela frente, pelos lados, por cima e por baixo! Modéstia à parte, eu sou um dos precursores em criações de estilos de cervejas no Brasil, desde que voltei da Europa. Tem uns caras por aí tentando levar os créditos, mas que nunca chegaram nem perto de criar algo tão revolucionário quando a Aghudesgebot, a Lei de Pureza Agudense de 1961. Esses pilantras ainda tem muitas horas-copo pra percorrer pra conseguirem chegar aos meus pés.

Confesso: No futuro, o milho estará em todas as cervejas?
Oráculo: Acredito que o milho já deveria estar em todas as cervejas há muito tempo. Para ser mais preciso, o que tem na cerveja não é o milho em seu estado natural, e sim a High Maltose, que consiste numa solução de duas colheres de maisena para 200 ml de água de Agudos, que é adicionada à cerveja, deixando-a mais incorporada.

Confesso: De Oráculo Cervejeiro e Louco, todos temos um pouco?
Oráculo: Está me chamando de louco?!!!!
(Pausa. Nesse momento o Oráculo sai muito do sério, e joga um copo de cerveja contra o espelho da sala).
Desculpe, é que não reajo bem a esse tipo de colocação, mas vamos lá. De oráculo cervejeiro e louco, todos temos um pouco? Oráculo: Todos! Mas o único 100% Oráculo sou eu. Recuse imitações!

Confesso: O Oráculo também orienta seus discípulos pessoalmente ou agora só através das redes sociais?
Oráculo: Atualmente tenho andado muito envolvido com os projetos de criação da escola cervejeira, então dei um tempo nas atividades pedagógicas. Mas em breve anunciarei na minha página a abertura de cursos inovadores no mercado cervejeiro brasileiro, como "Análise Sensorial de Ar e Água", "Produção de cervejas extremas e esdrúxulas" e o mais importante para os gestores das microcervejarias brasileiras "Gestão avançada de lobistas e parlamentares".

Confesso: E a pergunta que não quer calar: qual é a próxima cervejaria a ser comprada?
Oráculo: Sem dúvidas, a Bambenga. O dono dessa cervejaria, Alexandre Bozzo, foi meu discípulo, e se destacou no módulo “Como se fazer de difícil”. Está desenvolvendo um trabalho exemplar!

Confesso: Quem é o Oráculo Cervejeiro?
Oráculo: Parafraseando meu amigo e repórter investigativo Gunther Schweitzer, que é uma pessoa de extrema credibilidade, apenas posso declarar que: "Se as pessoas soubessem, ficariam enojadas!"

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