21 de junho de 2012

Confesso pelo Mundo: Delirium Café

Esta é a série Confesso pelo Mundo, contando um pouco sobre alguns bares e cervejas que bebi durante a minha viagem à Europa. Cheguei a noite no templo da cerveja, onde sua carta é um catálogo com mais de 2.000 rótulos à venda. Sim, eu fui ao Delirium Café em Bruxelas e sobrevivi para contar a história.
Para entender o que é este templo da cerveja chamado Delirium Café, pense em uma loja com três pavimentos e quase uma quadra de tamanho. Cada um dos pavimentos é dividido da seguinte maneira: 
  • Subsolo: onde vendem as garrafas belgas e cervejas do catálogo, onde são mais de 15 geladeiras cheias atrás do balcão.
  • Térreo: 30 torneiras. Sim, não estava bêbado, são 30 torneiras de cerveja na pressão em um enorme salão com seis ambientes e nenhum garçom (afinal, o serviço é o padrão dos pubs de pagar primeiro e receber depois).
  • Primeiro andar: american light beers, todas na pressão. É o andar de consumo para o maior público que visita a Bélgica: os norte-americanos.
O lugar é uma festa, muita gente nas mesas, muita gente nos balcões, muita gente para todos os lados. Se você for sozinho, sente no balcão, não se incomode: afinal, lá é o único lugar que você conseguirá pedir sem perder o lugar. Com o barulho, é um pouco difícil e as vezes trazem a cerveja que eles acham que você falou, então a melhor dica é sempre mostrar no catálogo ou no cardápio de on tap qual você quer.
Para abrir os trabalhos, vamos dar valor a cerveja da casa. Delirium Nocturnum on tap, que maravilha! Esta Dark Strong Ale de 9% tem sua aparência como o nome diz: uma cerveja escura devido aos cinco maltes, bem turva, com um creme bege, denso e bem encorpado. No aroma, bem frutado com morango e ameixa. No sabor, desce uma cerveja cremosa, com muitas notas de malte torrado, morango, café e chocolate, com amargor e álcool muito bem equilibrados, passando quase imperceptíveis. Final longo, saboroso e prazeroso, para ser aproveitada durante todos os dias!
Depois, já no andar de baixo, resolvi arriscar o nome que fosse interessante (afinal, com mais de 2.000 cervejas, de que outra forma você vai escolher?). Pedi a Tumulus Magna, uma Strong Ale com 9%. Sua aparência é de cor laranja, bem turva e espuma branca persistente. No aroma, leve toque de malte junto com grama e terra, possível perceber alguns sedimentos no copo. O sabor é mais lupulado, muito herbal, e as notas de malte acabam se escondendo entre o álcool e o lúpulo. O final é curto e seco, agradável para esta cerveja não filtrada.
Antes de sair do hotel, mandei uma mensagem para o João Thomi, conhecedor de cervejas, tricolor de coração e o cara do Delirium Café de Ipanema, que me indicou a Dulle Teve como a melhor Abbey Tripel que eu poderia beber na casa. Com 10% de teor alcoólico bem perceptíveis durante a degustação, afirmo que ela mudou o meu conceito em relação ao estilo. Com sua aparência laranja escura e turva, com uma espuma muito persistente, o impacto de herbal e malte no aroma, sempre acompanhados da presença do álcool, me mostravam o quanto eu ainda estou caminhando para conhecer este mundo. O sabor amargo, com os maltes equilibrando e deixando mais suave o paladar, é fantástico.
A diversão, a bagunça, a alegria das pessoas, todos bebendo sem brigas. Isso é o Delirium Café em Bruxelas... mas eu prefiro o atendimento nota 10 do Delirium Café de Ipanema, sem hipocrisia.

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